Imagine… Você quantifica a intensidade de ruído, dimensiona a proteção auditiva, realiza testes com os trabalhadores, realiza a aquisição, treinamento, fornecimento e uma infinidade de ações para viabilizar a proteção, e no fim, ela pode não ser de fato efetiva.
Quando se trata de protetores auditivos, muitas pessoas podem não perceber que o uso inadequado ou a escolha do dispositivo errôneo podem comprometer sua eficácia. Fatores como vedação incorreta, desgaste do material ou até mesmo a escolha de um tipo inadequado para a atividade em questão podem impactar a proteção auditiva. O desconforto ou a percepção de ruídos indesejados são sinais claros de que algo não está de acordo.
Além disso, é importante lembrar que cada tipo de protetor auditivo tem suas especificidades e atender a essas necessidades é essencial. Protetores que não se ajustam corretamente ou que são mal utilizados podem não oferecer a proteção necessária, resultando em riscos para a audição a longo prazo. Identificar o que pode estar errado com o protetor auditivo é um passo crucial para garantir a segurança auditiva ideal.
Neste artigo, serão abordados os principais problemas que podem afetar a eficácia dos protetores auditivos, desde questões de ajuste até a manutenção e a escolha do produto certo. Ao entender esses aspectos, é possível melhorar significativamente a experiência e a proteção auditiva.
Logo falaremos um pouco sobre a imensa importância do Programa de Conservação Auditiva, que é imenso direcionador dos cuidados acerca do controle deste risco.
Conteúdo deste Artigo
Importância da Proteção Auditiva Adequada
A proteção auditiva adequada é essencial para prevenir danos permanentes à audição. Em ambientes barulhentos, o uso de protetores auriculares ajuda a reduzir a exposição a níveis sons prejudiciais.
Entre os mais utilizados, citamos duas categorias principais:
- Protetores de inserção: Estes são inseridos diretamente no canal auditivo.
- Protetores tipo concha: Colocados sobre as orelhas, oferecendo uma barreira física contra o ruído.
A escolha do protetor auditivo deve considerar o nível de ruído e a duração da exposição. A redução de ruído é uma métrica crucial, pois diferentes materiais e formatos oferecem variadas taxas de atenuação.
Além disso, o treinamento para o uso correto do protetor é significativo. Um protetor mal colocado pode resultar em proteção inadequada, aumentando o risco de lesões auditivas.
Em ambientes de trabalho, a conscientização dos colaboradores sobre a importância da proteção auditiva é parte integrante da segurança. Implementar medidas de proteção auditiva contribui para um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
As empresas que investem em proteção auditiva eficaz podem observar uma redução nos absenteísmo e nas reclamações de estresse sonoro. A saúde auditiva é um aspecto que não deve ser negligenciado.
Tipos Comuns de Protetores Auditivos e Seus Usos
Os protetores auditivos são essenciais para manter a saúde auditiva em diferentes ambientes e situações. Existem vários tipos, cada um com uma função específica.
1. Protetores Tipo Concha (Circumauriculares) Estes protetores envolvem toda a orelha e são ideais para ambientes com ruído extremo. Eles reduzem eficazmente a exposição ao som.
2. Protetores de Inserção Feitos de silicone ou espuma, esses modelos são inseridos diretamente no canal auditivo. São recomendados para uso em locais com ruídos moderados a altos, como em shows ou construção.
3. Protetores Personalizados Esses são moldados de acordo com a anatomia do ouvido do usuário. São usados frequentemente por músicos e trabalhadores em áreas industriais, proporcionando conforto e proteção.
4. Protetores com Filtro Estes permitem a entrada de sons em níveis seguros, mantendo a clareza da audição. São comuns em ambientes onde a comunicação é necessária, como em estúdios de gravação.
5. Protetores para Água Projetados para prevenir a entrada de água no ouvido, são ideais para nadadores e mergulhadores.
Cada tipo de protetor auditivo serve a um propósito específico, ajudando a prevenir danos auditivos e a melhorar a qualidade de vida em ambientes ruidosos.
Sinais de Desgaste e Danos no Protetor Auditivo
Os protetores auditivos, como qualquer outro equipamento, podem sofrer desgaste e danos ao longo do tempo. Identificar esses sinais precocemente é vital para garantir a eficácia do dispositivo e a proteção auditiva.
Desgaste dos Materiais
O desgaste dos materiais dos protetores auditivos pode ocorrer devido ao uso contínuo e à exposição a fatores ambientais. Com o tempo, o material pode ficar ressecado, rígido ou quebradiço.
É importante observar as seguintes características:
- Fissuras ou rachaduras: Pequenas fendas podem se desenvolver no material, afetando a vedação.
- Descoloração: Alterações de cor podem indicar degradação do material.
- Perda de flexibilidade: A falta de elasticidade pode comprometer o ajuste.
Esses sinais podem afetar a eficácia na redução do ruído e, consequentemente, a saúde auditiva.
Problemas Estruturais
Os problemas estruturais também são um indicativo de que o protetor auditivo pode não estar mais funcionando corretamente. Com o uso intenso, partes do dispositivo podem se soltar ou deformar.
Os principais problemas a serem monitorados incluem:
- Seções desalinhadas: Pode indicar que o protetor não se adapta mais corretamente ao ouvido.
- Componentes emperrados: Fechos ou partes móveis que não funcionam como antes podem comprometer o uso.
- Acúmulo de sujeira: Um acúmulo excessivo pode indicar a necessidade de limpeza ou substituição.
Identificar esses problemas é crucial para garantir que o protetor auditivo continue a oferecer a proteção necessária.
Erros na Utilização e Ajuste do Protetor
Uso inadequado e ajuste incorreto são os principais fatores que podem comprometer a eficácia do protetor auditivo. Esses erros podem resultar em desconforto e, principalmente, na falta de proteção contra ruídos prejudiciais.
Uso Incorreto
O uso incorreto do protetor auditivo muitas vezes ocorre por falta de instruções adequadas. Um erro comum é não usar o protetor em ambientes barulhentos, mesmo quando é necessário. Ignorar essa recomendação pode resultar em danos auditivos a longo prazo.
Outro ponto importante é a utilização em situações inadequadas. Por exemplo, usar protetores de espuma em ambientes aquáticos ou em ambientes que exigem proteção específica pode ser ineficaz. Além disso, é fundamental garantir que os protetores estejam sempre limpos e em bom estado, pois sujeira e desgaste diminuem sua eficácia.
Ajuste Impróprio
Um ajuste impróprio é uma das principais causas da falha na proteção auditiva. Os protetores devem se encaixar perfeitamente, criando um selo que impede a entrada de sons. Se estiverem muito soltos, permitirão a passagem de ruídos, enquanto um ajuste excessivamente apertado pode causar desconforto ou dor.
Ao ajustar os protetores auditivos, é importante seguir as instruções do fabricante. Em alguns modelos, como os personalizados, pode ser necessária uma avaliação profissional para garantir o melhor ajuste. Verificar regularmente se os protetores ainda se encaixam adequadamente é essencial, especialmente após longos períodos de uso.
Manutenção e Higienização Inadequadas
A manutenção e higienização inadequadas do protetor auditivo podem comprometer sua eficácia e a saúde do usuário. É fundamental compreender as práticas corretas de cuidado para garantir um desempenho ideal do dispositivo.
Limpeza e Secagem
A limpeza regular do protetor auditivo é essencial para remover sujeira, cerume e bactérias. O ideal é utilizar um pano macio e umedecido com água e sabão neutro. Evitar produtos químicos agressivos é crucial, pois podem danificar o material.
Após a limpeza, a secagem deve ser feita de maneira cuidadosa. Deixar o protetor secar ao ar livre em um local limpo é recomendado. O uso de secadores ou exposição direta ao sol pode deformar ou comprometer a integridade do produto. A limpeza frequente pode ajudar a prevenir infecções e garantir que o protetor mantenha sua eficácia de bloqueio sonoro.
Substituição de Componentes
Com o uso contínuo, algumas partes do protetor auditivo podem se desgastar. É importante verificar regularmente se há necessidade de substituição de componentes como almofadas e filtros.
A falta de substituição pode resultar em uma vedação inadequada, reduzindo a proteção auditiva. Consultar as instruções do fabricante é fundamental para entender quando e como realizar as trocas. Além disso, a manutenção da integridade do protetor não só melhora o conforto, mas também aumenta sua eficiência em reduzir ruídos.
Verificação do Desempenho e Eficiência
A verificação do desempenho e eficiência do protetor auditivo é crucial para garantir sua eficácia. A seguir estão alguns fatores a serem considerados:
- Vedação Adequada: Um bom protetor deve se ajustar perfeitamente à orelha, evitando vazamentos de som. Testes podem incluir a avaliação de desconforto e adequação ao uso prolongado.
- Nível de Atenuação: Esse parâmetro indica quanto ruído é reduzido. Os usuários devem verificar as especificações do produto para garantir que atendam às necessidades desejadas.
- Condições de Uso: O ambiente e a situação de uso podem afetar a eficiência. Em locais altos, é importante que o protetor seja adequado para essa intensidade de ruído.
- Manutenção Regular: Os protetores auditivos devem ser limpos e inspecionados periodicamente. O acúmulo de sujeira pode reduzir a eficácia do produto.
- Avaliação de Conforto: É essencial que o protetor auditivo seja confortável. Um protetor desconfortável pode levar à sua não utilização, comprometendo a proteção auditiva.
A utilização de testes de desempenho e feedback dos usuários pode resultar em uma melhor experiência. Ter produtos de qualidade, que atendam a essas verificações, é fundamental para a proteção auditiva eficaz.
Redução da atenuação por consequência da omissão de uso
Com todos os cuidados citados acima ainda é possível que a atenuação esperada não seja de fato alcançada caso haja algum período de exposição sem uso da EPI. O HSE Britânico possui uma ferramenta online que auxilia na estimativa desta redução de atenuação. (Que pode ser acessada neste link).
Para que se tenha uma ideia, em uma exposição a 95 dB(A) durante uma jornada de 8h, fazendo uso de um protetor auditivo que atenue 21 dB, pelo cálculo do método curto (ABNT NBR16077) teríamos uma intensidade reduzida para 74 dB(A).
Contudo, caso o trabalhador deixe de utilizar o protetor por 30 minutos, a atenuação é reduzida para 12 dB, representando então em uma intensidade de 83,45 dB(A).
Uma dica é estar em dia com as auditorias de uso dos equipamentos de proteção indivual, assunto que falamos um pouco aqui.
E para você que chegou até aqui na leitura do nosso artigo, disponibilizamos abaixo a calculadora que adaptamos para estimar a redução da atenuação considerando a omissão de uso, gratuitamente e em português.
Dados a serem considerados para uso na calculadora:
- Tempo SEM Proteção Auditiva: Tempo de omissão de uso durante a jornada, em minutos.
- Tempo COM Proteção Auditiva: Tempo de uso da proteção auditiva durante a jornada, em minutos.
- NPS SEM Proteção Auditiva: Nível de pressão sonora identificado, ao qual o trabalhador estaria exposto, se não estivesse portando a proteção individual.
- NPS COM Proteção Auditiva: Nível de pressão sonora atenuado pelo protetor auditivo.
Neste item, considere que você precisa descontar do “NPS SEM PA” o valor de atenuação do protetor (NRRsf). Por exemplo: Ruído de 95 dB(A) – Atenuação de 20 dB = 75 dB(A).
Você sabe o que é NE e NEN? Leia mais neste artigo.
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Calculadora de NPS Ponderado
Resultado: — dB(A)
Memorial do Cálculo:
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